É
inalcançável uma pedagogia analÃtica? Primeiro se deve esclarecer ate certo
ponto, mesmo que brando, o que é psicanalise e então se debater qual o real
papel da Educação.
O que diz a definição dada sobre o conceito
da palavra psicanalise no Dicionário Priberam é “1. Método de tratamento criado
por Sigmund Freud que se baseia na exploração do inconsciente. 2. Investigação psicológica
que tem por fim fazer acudir à consciência os sentimentos obscuros e
adormecidos ou longÃnquos.”, é uma teoria desenvolvida por Freud sobre a psique
(psykhe) humana que se iniciou enquanto o mesmo tentava descobrir a origem das
neuroses com ênfase na histeria, doença essa que assolava as mulheres na época,
e continuou a estudar até o último ano de sua vida, 1939.
Não que o desenvolvimento da ciência tenha
parado aà sendo prosseguido e desenvolvido por sua filha, Anna Freud, e seus discÃpulos.
A psicanalise estuda o inconsciente humano e como suas relações com o mundo e
os efeitos das repressões culturais causam no mesmo, o que acaba por gerar as
neuroses que foram o alvo inicial de estudo de Freud, e como o id, ego e superego
influenciam como um todo quem cada um é.
Uma
vez esclarecido o que é psicanalise agora é necessário debater o real conceito
da educação uma vez que para alguns educação é uma forma de controlar e
reprimir desejos e pensamentos que não são moralmente bem vistos pela sociedade.
"- A Educação é o meio de que uma sociedade
dispõe para formar os membros à sua imagem"(Durkheim, 1925).
Indo para uma visão mais libertadora e filosófica,
não seria melhor proposto dizer que a educação está mais para desenvolver as
crianças em adultos saudável, capazes e sociáveis entretanto compostas a isso
pela liberdade de serem quem são, sem esperar sacar aquilo que se deposita na
cabeça do aluno como dizia Paulo Freire com sua metáfora da Educação Bancaria.
Pode se dizer que é algo contraditório afirmar
liberdade quando já se há um objetivo a se alcançar bem traçado, mas neste
ponto é preciso esclarecer, a liberdade não estaria em um todo pois é da
natureza humana ser imanente-transcendente, como imanente precisa-se então
desenvolver uma visão ética e moral do mundo que permita que todos os homens
vivam em harmonia, mas como transcendentes ser livre para seguir seu próprio caminho
e não ao que foi destinado.
Sendo assim a liberdade na educação
seria no desenvolvimento, não dando liberdade total a crianças que futuramente
acabariam por não conhecer os limites éticos de suas ações, deturpando assim o
modo como se relaciona com os outros, incentivando as criança na busca por um
progresso individual e orientando-as afim de que esse progresso resulte em um
cidadão consciente e totalmente compatÃvel com a vida social, diferente do que
se acredita ou pratica, não é orientação e sim uma ordem expressa. No geral os responsáveis
por tal educação, pais e educadores, não veem a criança como um ser capaz de
ser algo autossuficiente desde que se ensine e tratam como um pedaço de barro a
ser moldado em forma de homem para aquilo que se espera, ao invés de se definir
e tentar controlar as ações – incontroláveis – das crianças a liberdade se
apresentaria em educa-las para que as mesmas a parti de determinado momento
possam reconhecer sozinhas o que deve ou não ser feito.
Partindo de uma forma mais simples
educar não deveria ser determinar a escolha da criança ou adolescente e sim
tentar conscientiza-lo e orienta-lo na hora de escolher, ao reprimir de forma
extrema e direta pode-se não ensinar a criança a fazer algo, mas sim ensinar a não
fazer aquilo em frente aos olhos dos outros e esperar que acabe gerando uma
barreira que impede a pulsão, o desejo de fazê-lo, de chegar no consciente, o
que as vezes não ocorre, acontecendo apenas de a criança passar a aprender que
é necessário mentir não por empatia (uma vez que a mentira é algo necessário para
o bem estar social) e sim por autopreservação devido aos altos valores impostos
a ela.
A repressão então aconteceria de forma
indireta e passiva, não proibindo, mas instruindo das consequências negativas da
má escolha e aplicando as consequências, quando há o erro feito
intencionalmente, de forma branda, apelando mais para a empatia com o meio do
que para o medo e a necessidade de uma autopreservação, o que garante que de
fato o que impede o indivÃduo saudável de desejar matar seja a consciência do
erro e empatia pela vida alheia e não apenas a consciência de ser errado e
haver consequências que trariam prejuÃzos ao seu próprio bem estar? Não é
função da pulsão da vida buscar a preservação e o melhor para seu bem-estar e
sempre aquilo que seja menos danoso ao mesmo?
Partindo deste principio pode-se talvez
quebrar esse paradigma de que é intransponÃvel esse relacionamento entre a psicanalise
e a educação, uma vez que a psicanalise busca tratar as repressões sofridas e
apresenta os estudos sobre os efeitos das formas de repreender, é possÃvel então
aà criar um link entre ambas.
Vem a ser ultimo a educação talvez o principalmente
os estudos sobre a fase anal e fálica, e o complexo de Édipo, uma vez que
atualmente as crianças estão cada vez mais cedo entrando em contato com o
educador e na vida escolar, permitindo e causando assim uma forte influência do
educador nessas fases. Neste aspecto então a pedagogia analÃtica se dá então
pelo meio de uma educação sexual com o intuito de conscientizar, colaborar e
orientar a criança durante a fase em que esta se descobre como ser sexual, começa
a desenvolve sua identidade sexual, e principalmente aconchegar o caminho pelo
qual a criança passa para concluir seu complexo de Édipo, não tentar evitar tal
passagem vital, tornar tal passagem segura, isto é, fazer com que a criança
passe pelo complexo do inicio ao fim evitando maiores danos, de fato fazendo a
passagem pelo complexo ser algo mais seguro possÃvel sabendo se limitar nessa interferência
para que acabe não causando o efeito oposto, proteger excessivamente ao ponto de
prejudicar a criança.
Também é interessante o uso dos
conhecimentos práticos e teóricos sobre a transferência e os estudos sobre a “fase
dos porquês”, pois uma vez que se tenha um bom estudo de como se aplicar a transferência
da figura paterna ou materna ao educador de uma forma positiva na educação e uma
noção clara de como funciona essa fase, o uso desses conhecimentos para estimar
a curiosidade da criança ao saber é de grande vantagem para sociedade como um
todo, pois crianças curiosas tendem a se tornarem adultos indagadores, ou ainda,
entusiastas do saber, tal função a principio do educador passaria mais tarde
talvez ao professor de filosofia, uma vez que está é a mãe do saber, quem
estaria melhor posicionado para alimentar esta curiosidade indagatória?
Ora, se uma vez que o professor não deve
usufruir deste poder para fazer de seu educando aquilo que o educador deseja
que ele se torne, as melhores ferramentas vão estar na mão daquele que lecionar
a filosofia, já que deste só se aprende o saber e a buscar saber. Dai em diante
então se divide entre os demais professores a conscientização de não abusar do
poder a eles concedido pelo educando. O professor de filosofia nesta posição já
não ocuparia, mas ainda correria o risco de fazê-lo, o risco de se deixar
apaixonar pelo poder e tentar dar suas ideologias ao seus alunos, estaria ali
como uma espécie de catalisador, não seria capaz de implantar suas próprias ideologias
no inconsciente de seus alunos, mais catalisaria o processo dos mesmo ao
encontrar as suas, sejam em outros professores ou quem que seja, servindo tanto
de base teórica, quanto orientador na busca e no senso critico para achar sua
designação.
É passÃvel um exercÃcio mental para
facilitar o entendimento desta parte: se possui um professor de filosofia, que
teoricamente deveria passar ao aluno conhecimento suficiente para que este
montasse uma boa base de conhecimento da filosofia, sendo assim tal aluno então
passaria por todas as ciências desenvolvidas pelo homem durante a história, uma
vez que isto ocorre e partimos do ponto que o professor em particular não dará
maior poder a nenhuma especifica, tentará ser o mais imparcial possÃvel ao dar
todas (ao menos o máximo dessas que seja possÃvel), usando da transferência a
ele concedida fara o aluno fazer uma ampla jornada por as mesmas, ate que este
jovem então já tendo o professor de filosofia como catalisador para seu prazer
em determinada matéria se encontrará com outro que o fará assim despertar sua
paixão pela biologia, servindo a imparcialidade do professor de filosofia a tarefa
de catalisar essa paixão em suas aulas quando este falar de Aristóteles por
exemplo.
Em suma, o que isto quer dizer é, o
professor de filosofia embutido do poder dado pela transferência a principio apenas
continuará alimentando a curiosidade dos alunos, ate que cada um se encontre, seja em sua matéria
ou nas outras, a parti dai cada palavra do filosofo deixará então de ser um alimentador
da curiosidade sobre o saber cosmológica e antropocêntrica para catalisar o
desejo agora já bem sublimado em algo especifico.






